House in Caramujeira | Orgânica Arquitectura

Against the 'new', we rely on principles that have been repeated throughout time. They are a common ground, vernacular or popular. This is not revivalism or postponing the present; it is rather to bring out an innate sensibility and, above all, to imagine a house that had always been there, that is, in a union between the natural form of the place and the constructed form of the house.

It is a plain house, located in a coastal area in the western Algarve, in Lagoa, Caramujeira, and was imagined with the idea of intimacy and, at the same time, openness to the landscape. It sits on a horizontal upper platform, the main ground and limit of the house, where life occurs. The domestic spaces follow the limit of the parcel, precisely, the most favorable corner to the southern sun, sheltered from the wind, which in the afternoon rises from the sea.

Its occupation resumes to a narrow strip in the shape of an 'L', while the vertical profile of the elevation crops the sky, which is the result of the different volumes of the interior spaces: kitchen, rooms and bedrooms. In a process of additive succession and progressive discovery, each space is distinguished and individualized with ceilings of different geometries and floors with different games.

The narrow width of the house prefigures a kind of an inhabited ´wall`: the walls have thickness; the windows select the views, and are the eyes of the house, with the shutters opened; the square kitchen in the corner signals its centralizing power; the shapes of the ceilings enliven the eye, and the layout of the tiles match the uncertainty of the footsteps through the house; the chimneys reveal a particular pride.

One lives outside, and this influenced the interior dimensions, which are neither more nor less than sufficient.

At a distance, from the podium and the roof terrace, the house looks the sea seeking for joy and optimism. The sun, the countryside, the colors, the ocher of the earth, and the blue of the sky, are in these restless times a balm of fantasy and esthesia.

[ES]

Contra o ‘novo’, socorre-se de princípios que se foram repetindo há muito tempo. São um chão comum, vernacular ou popular. Não é revivalismo nem adiar o presente que se trata; é antes, fazer emergir uma sensibilidade inacta e, sobretudo, imaginar uma casa que ali tivesse estado sempre, ou seja, numa união entre a forma natural do lugar e a forma construída da casa.

Esta casa é uma casa chã. Fica numa zona costeira no barlavento algarvio, em Lagoa, Caramujeira, e foi imaginada como uma casa íntima e, ao mesmo tempo, aberta à paisagem. Implanta-se numa plataforma superior horizontal, plano principal e limite da casa, onde se passa a vida. Os espaços domésticos acompanham o extremo do terreno, precisamente, o canto mais favorável ao sol meridional abrigado do vento, que à tarde se levanta do mar.

Essa ocupação resume-se a uma faixa estreita em forma de ´L´, enquanto, o perfil vertical do alçado recorta o céu, resultado dos diferentes volumes interiores: cozinha, salas e quartos. Num processo de sucessão aditiva e de descoberta progressiva, distingue-se e individualiza-se cada espaço com tectos de geometrias diferentes e pavimentos de jogos diversos.

A estreita largura da casa prefigura uma espécie de muro habitado: as paredes são paredes, e têm espessura; as janelas selecionam as vistas, são os olhos da casa, quando se abre as portadas; na esquina, a cozinha quadrada assinala um poder centralizador; as formas dos tectos avivam os olhares, e as disposições dos ladrilhos combinam com a incerteza dos passos pela casa; as chaminés revelam um particular orgulho.

Vive-se, maioritariamente, o exterior e isso influenciou, substancialmente, as dimensões interiores, que não são nem mais nem menos que suficientes.

À distância, sem rédeas, do pódio e da açoteia, a casa olha o mar e desfruta do lugar. Olhando-o, procura alegria e optimismo para si. O sol, o campo, as cores, o ocre da terra, e o azul do céu, são nestes tempos inquietos um bálsamo de fantasia e de estesia.

Architecture: Paulo Serôdio Lopes; Collaborators: Paulo Fontainha, Vitor Sá, João Cordeiro

Structure: Cristina Silva

Hydraulics : Gonçalo Delca

Energy Efficiency: Gonçalo Delca

Electricity and Telecommunications: Fátima Leal

Landscaping: Cristina Correia

Builder: Consprotec

Photography: José Campos

Website: https://josecamposphotographer.com/

IG: https://www.instagram.com/josecamposphotographer/?hl=it