CALOURA HOUSE | Gonçalo Bletiere Lopes

No lugar da caloura, ilha de São Miguel, a encosta é acidentada, agreste, de dificil contenção.

Vista do mar, a caloura é um monte rochoso à beira mar plantado, pontilhado de casas de veraneio.

A envolvente basáltica não se pode ignorar, de tão presente que é. A topografia dos terrenos  é acidentada.A edificação é, portanto, um permanente desafio.

Resumindo em breves linhas o conceito subjacente ao desenho. Trata-se de uma habitação unifamiliar  que se encontra inserida numa das inúmeras elevações de terreno basáltico que desenham as encostas da caloura, ilha de São Miguel, açores.

Desafiado a desenhar uma casa para acolher um jovem casal, comecei por assumir que desenharia a partir dos contornos do terreno e não ao contrário. Ou seja, o terreno ficaria, na medida do possível intacto.As formas e as cores do todo (casa e terreno circundantes)  manteriam a sua personalidade. Os muros de basalto seriam apenas contidos, o contorno arredondado do monte , seria percebido, de ambos os lados da rua.

Assim, restou-me desenhar, traçar e recriar,  sobre o relevo existente, aproximando a forma , as cores e os materiais   do aspecto das existências;  muros basálticos centenários.

O gesto de ordem seria, então,  procurar não comprometer,  ou submeter,  a  personalidade muito própria do lugar.

Discreta para quem aprecia a edificação vista do exterior; intimista e resguardada para quem a habita e quer  apreciar, acima de tudo, as   vistas desafogadas sobre o imenso mar atlântico.

No interior, teremos  zonas propositadamente minimalistas e amplas, desenhadas a pensar  numa  familia que quer ainda crescer, e no estilo de vida que, por tudo isso, se alterará, consequentemente. Os materiais, no interior e no exterior, são, sempre que possível,  endógenos.

Na fachada, não salta à vista o revestimento.  Tonalidades próximas com a Pedra Básaltica e a madeira foram opções evidentes para quem procurava garantir a integração com a natureza envolvente e a harmonia do todo, neste ímpar lugar.